quarta-feira, 12 de agosto de 2015

LUME APAGADO

Anda a esperança, de mim perdida
Ou a ilusão se traduz assim
Nesta vida, a saudade é sem medida
E a solidão não conhece o fim


Nos meus olhos só existe o sofrimento
D' um lume que queimou o meu olhar
As brasas queimaram o sentimento
Deixando cinza quente em seu lugar


Alguém tentou esconder esta verdade
E enxugar as lágrimas que chorei
Não quero de ninguém a caridade
Nem o sorriso da boca que beijei


Sobrevivo à loucura onde me afundo
Olho um céu de estrelas imaginado
Labaredas deixam rasto neste mundo
Cinza quente d' um lume apagado.


Maria de Lurdes Brás

terça-feira, 3 de março de 2015

PEDRAS SOLTAS

Não sei, se te amo ou odeio
Se feche ou te abra a porta
O passado é coisa morta
Já mal nenhum, eu receio
Pois isso pouco me importa

Mas sinto-me sem defesa
Vivo amarrada à saudade
E esta minha felicidade 
Esconde a minha tristeza
Prisioneira da maldade

Não sigo por maus caminhos
Nem tenho o passo apressado
Não me perco nos carinhos
Nem os deixo andar sozinhos
Perdidos nesse passado

Faço um silêncio divino
Pois há muitas pedras soltas
Nessa rua que imagino
Marca a sombra do destino
Sei amor que já não voltas



Maria de Lurdes Brás

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

MEU PORTO DE ABRIGO

Acordei, fui à janela
Vi chover o desencanto
Senti a dor do meu pranto
E o vento a chamar por ela


Gemeram os meus sentidos
Naveguei no mar da "sperança
Vejo os sonhos de criança
Que nunca foram vividos


Desta vida que vivi
Da chama que me consome
Mil vezes chamo o teu nome
Dói-me a saudade de ti


Vem murmurar-me aos ouvidos
Com a voz da solidão
Bate forte o coração
Ao ouvir os teus gemidos


Fica meu peito cansado
A cabeça a latejar
Da mágoa que me vem dar
A saudade do passado


Embarco em sonho contigo
Mergulho no mais profundo
No espaço onde me afundo
És o meu porto de abrigo.


Maria de Lurdes Brás